A Cura e o Tempo: O lançamento do livro sobre (des)ordens do existir
As palavras da autora no dia do lançamento
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O livro A Cura e o Tempo: entre prosas das (des)ordens do existir de autoria de Clara Sousa e lançado pela Editora Educuidar vem como um sussurrar de sentidos. Vejamos as palavras da autora no dia do lançamento:
A poucas horas de estar aqui reunidos com vocês revisito algumas páginas do livro que ora chega nas mãos. O que falar de uma obra que muitas vezes foi escrita para aliviar a intensidade de reflexões que a vida estava a me indicar. Intensidade pode ser uma palavra que escolho trazer, porque foi o sentido que apareceu ao tocar esse livro como leitora.
É um livro composto de escritos que nos dão abertura de escrever em nossas histórias possibilidades de cura com a necessidade de bem saber que tempo é fator primordial para lidar com as adversidades do existir.
A leitura que te convido a fazer a partir dos escritos é sentir, deixar sentir, dar liberdade para o sentir. Não com a ideia de julgamento, mas de colocar-se como protagonista de sua história.
Em um dos textos, encontrarás o mito grego de Quíron do curador ferido. Um deus que se dedicou a cura, mas passou toda a sua trajetória sentindo dor por ter sido ferido acidentalmente por uma flecha envenenada enquanto treinava com um amigo. Quiron chegava próximo da cura das pessoas, por também sentir suas dores. Somos curadores feridos, assim como Quiron, ser humano carrega a maestria de aliviar um pouco das próprias dores no cuidado com as dores dos outros.
Outra imagem que aparece no livro de nossos processos de cura é o da criança interior. A criança que é amada e ferida, que deseja ser amparadas e aceitas. Para integrarmos a nossa criança interior é importante sabermos onde dói em nosso interior, para não contaminar as nossas relações e os ambientes que estamos com nossas raivas, mas tendo a capacidade da liberdade de ser quem se é.
Horizontes de cura aparecem nos escritos, os vínculos de amor e amizade demonstram que sozinhos não nos bastamos, precisamos sempre de alguém para nos completar. Mas estaremos sempre em falta. Por isso, somos seres de busca, buscando e buscando o que muitas vezes podemos encontrar dentro de nós: a arte de amar. Saibamos fazer as escolhas do amor. O amor é um caminho de cura de tantas de nossas feridas, mas que o amor seja carregado de respeito, paciência e abertura de espaços para que cada um seja o que se é.
Nesse tempo acelerado que estamos, nos deparamos com a ansiedade, acelerando o compasso do passo de uma positividade tóxica que consome a cada pessoa em seu lugares, desolando e trazendo uma sensação de vazio. O vazio existencial continua sendo um lugar contemporâneo que almeja-se preencher com coisas, pessoas e até lugares, mas são as viagens que terás a coragem para si mesmo que o farão preencher-se do saber próprio de se cuidar.
Nos corpos vemos as marcas escancaradas do que não conseguimos nos curar. A depressão é outro aspecto a ser visto por uma ordem psicossocial, ou seja, um sintoma social. A depressão assola a tanta gente, independente de classe social, cor ou religião. É possível chegar a mim e a você. Sendo necessário voltarmos para a tonalidade afetiva de cura, pensar em estratégias para nos refazermos em meio as crises que a vida nos indicar.
Quase no final dos textos desse livro, se depararão com a palavra “quarar”. Quando criança observava o ritmo das minhas tias e avó na atividade de quarar as roupas no momento de lavagem para deixar esbranquiçada. Mulheres que acreditaram que era preciso tentar melhorar a vida através da educação, coisa que está sendo possível de vivenciar. Mas quantas ainda precisam lutar para que alguma das suas gerações tenham melhores condições de vida? Precisa de esforço, coragem, mas também políticas públicas que garantam vida digna e melhor para todos.
Esse livro finaliza com o convite do perdão. Vá se perdoando pelo caminho. Ficamos aguardando o momento ideal para cuidar de si, sendo o agora a oportunidade para olhar as próprias questões e apurar a visão ao seu redor. É um convite a viver suas alegrias, suas tristezas, a escutar seus sintomas, a deixar um pouco o fardo das culpas, a saber conviver, a viver a própria ética de ser curada/o, cuidado/a, amado/a.
Você poderá adquirir essa obra nas páginas @educuidar ou @clarasousa.psi, assim como no site da Amazon.